segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Avivamento, Cultura, Reforma e Eleições

Avivamento, Cultura, Reforma e Eleições
Avivamento não pode ser fuga!
Avivamento não pode ser escapismo!


Como muitos evangélicos, eu oro por avivamento no Brasil e no mundo. Amo a história dos avivamentos e amo o mover do Espírito Santo.

Mas há alguns anos venho refletindo sobre o impacto dos avivamentos nas gerações seguintes
Vejamos o caso da Coréia do Sul: experimentou um avivamento poderoso, a igreja cresceu avassaladoramente, enviou missionários, continua orando toda manhã, mas apesar disso os jovens sul-coreanos estão abandonando a igreja! Fala-se que atualmente apenas 3% dos jovens são cristãos na Coréia do Sul.

A igreja coreana orou muito, atuou politicamente, mas está perdendo a batalha para a cultura progressista.

É interessante observar que esse problema também acontece nos EUA com o encolhimento da igreja americana e os jovens abrançando a agenda progressista (woke).

Como a igreja tem perdido os jovens?
Na mídia, nas escolas e nas universidades. É aqui que a doutrinação político-cultural acontece.

No Brasil temos o mesmo desafio! Muitos jovens cooptados pela mídia e pelas universidades. 

Quando falo de mídia refiro-me em especial à TV, Streaming e Redes Sociais. Temos pouco conteúdo de entretenimento cristão, por exemplo. E com qualidade menos ainda!

O resultado é que nossos filhos ficam expostos à Netflix, YouTube e todos os valores passados nessas mídias. E quando chegam à escola esses valores são reforçados.

Muitas vezes a igreja não contrapõe esses valores e passam a ser aceitos sutilmente, até que um dia o jovem escolhe seguir a cultura woke e abandona a igreja. Muitos acreditam em Jesus, mas abraçam valores opostos.

Precisamos continuar clamando por avivamento, mas precisamos também de ações concretas para "vacinar" e discipular crianças e jovens. E pra isso precisamos influenciar a cultura!

Muitas vezes a igreja clama por avivamento porque é o caminho mais fácil. Dá trabalho influenciar a cultura: discipular, produzir conteúdo digital, posicionar-se na escola, aprender sobre política, ocupar espaço em universidades, criar canais infanto-juvenis, etc. É mais fácil usar avivamento como fuga do que influenciar.

Refomar a cultura é mais trabalhoso que orar por avivamento!

Repito: na Coréia os cristãos oram enquanto os jovens se perdem pelas mãos da cultura. O fruto do avivamento se perdeu em uma geração.

Mesmo arrecadando milhões a igreja não investe nessa área cultural (mídia e escolas).

A eleições de 2022 servem de alerta: teve muito evangélico e católico votando no PT infelizmente. 

A igreja brasileira tem um longo trabalho de discipulado. Ficou evidente que muitos cristãos comem na mão da mídia e acreditaram nas narrativas da imprensa. Conscientes ou não, escolheram corrupção, aborto, ideologia de gênero, mentira, drogas, impunidade, impostos altos e fim da liberdade de expressão.

Além disso, muitos cristãos votaram no Bolsonaro apenas por onda (efeito manada). Para boa parte faltam valores sólidos e noções políticas básicas. Ou seja, são pessoas que daqui amanhã podem votar na esquerda se o candidato soar moderado ou souber mentir bem.

Somente com uma forte consciência moral e política a igreja conseguirá impedir a esquerda e sua cultura woke. Não basta discipulado interno. Precisamos levar as crianças e jovens a consumirem bons conteúdos fora da igreja.

Veja: o principal campo de batalha é a cultura. É isso que realmente importa para influenciar as próximas gerações.

A política é apenas uma das forças que afeta a cultura. Ter um presidente conservador é apenas uma forma de freiar o apodrecimento cultural, especialmente nas escolas. Mas isso não basta.

A igreja precisa ter estratégias para influenciar a cultura, especialmente crianças e jovens. 

Hoje o principal esforço de transformação cultural que temos no país é promovido pela Brasil Paralelo. É um trabalho excelente produzido por cristãos.

No meio evangélicos temos:
- Na influência cultural: Ana Campagnolo, canal Hipócritas, Paula Marisa, etc.
- Na esfera política: Nikolas Ferreira, André Valadão e outras lideranças.

São bons nomes, mas isso é muito pouco para influenciar crianças e jovens.

Felipe Neto sozinho tem "discipulado" milhares de crianças, adolescentes e jovens ao longo de anos, e sem o conhecimento dos pais. E ele é só um entre milhares de influencers esquerdistas.

Veja: A igreja do passado não precisava lidar com movimento esquerdista na mídia e escolas. Durante séculos a igreja influenciava a cultura hegemonicamente. Hoje seus membros são bastante afetados pela força cultural das mídias e das escolas.

Voltando ao tema do avivamento: Por que os avivamentos antes de Azusa tinham resultados mais duradouros?

Os avivamentos de Gales, Azusa e posteriores foram poderosos, mas seus frutos estão se perdendo porque a cultura(mídia/universidade) está engolindo as novas gerações.

Os avivamentos antes de Azusa tinham impacto mais duradouro porque moldavam a cultura. Calvino, Lutero, Pietistas, Morávios, Wesley e vários outros avivamentos afetavam a cultura. Em outras palavras: os avivamentos traziam reforma sobre a sociedade.

Os avivalistas eram também reformistas sociais. Wesley, por exemplo, apoiou a abolição da escravidão, reforma educacional, reforma prisional, etc. Calvino trouxe grande impacto em Genebra. A igreja também teve por séculos a hegemonia nas artes, inclusive na música.

Infelizmente no século XX a igreja passou a demonizar a política e criamos um vácuo cultural e político que foi ocupado pela esquerda.

Em muitos países a igreja acordou tarde demais - já tinham perdido as crianças e jovens!

No Brasil ainda há esperança. Tivemos um despertar político nos últimos 4 anos, mas é preciso muito mais para influenciar a cultura.

Que ações a igreja fará nos próximos anos?

Ou influenciamos a cultura ou seremos engolidos por ela.
Olhe para EUA, Europa e Coréia do Sul. Não podemos seguir o mesmo caminho!

Que venha o Avivamento!
E que venha o quanto antes uma Reforma cultural e social!

Pr Cleber Cabral Siedschlag
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Leia também: Precisamos de leis cristãs?

Veja ainda: Janela 4-14