sexta-feira, 24 de abril de 2009

Movimento Reteté 1

Movimento Reteté 1

Dentro do pentecostalismo (especialmente nas periferias do RJ) tem crescido um movimento chamado reteté, que é uma variação (desvio) do pentecostalismo clássico.

Embora como pentecostal eu goste de fogo e poder de Deus, esse movimento confunde pentecostes com "frenesi coletivo".

De fato quando Deus vem sobre um lugar coisas estranhas podem acontecer. Assim como aconteceu com os apóstolos em Atos 2 que inicialmente foram comparados com gente bêbada (até que Pedro pregasse o evangelho e esclarecesse tudo).

Eu já vi Deus fazer coisas muito bizarras em vedadeiros momentos de mover, de descida do Espírito Santo. Mas isso aconteceu após um período de oração sincera, sem ser induzido e sem influência de músicas ou batuques.

Sei que há muitas manifestações tremendas que Deus pode fazer e não me limito aos dons espirituais. Sei que Deus pode levar alguém a dançar no Espírito, sapatear, cair, chorar, pular, rir, arrebatar, etc. Lembro bem do dia em que fui batizado no Espírito Santo - foi inesquecível!

Mas normalmente quando esses fenômenos são de Deus acontecem de forma expontânea (não-induzida), ocasional (não-rotineiro), e acompanhado de dons espirituais. No movimento reteté normalmente há batidas fortes ou batuques que induzem as pessoas ao frenesi e praticamente não se vê dons espirituais. Por isso tenho algumas reservas com esse tipo de reunião (chamada reteté), pois confunde frenesi com unção de Deus.

Não reprovo de maneira nenhuma que Deus possa fazer pessoas dançarem, cairem ou pularem no poder do Espírito Santo. Já tive experiências genuínas desse tipo, mas também já tive o desprazer de ser derrubado por pastores.

Infelizmente há tanta indução e modismos, que muitos teólogos pentecostais tem reprovado toda manifestação que não sejam os 9 dons espirituais. Creio que precisamos cuidar para "não jogar fora o bebê junto com a água".

Se uma experiência vem de Deus é maravilhosa.
Se uma experiência vem do homem é perda de tempo.




Importante dizer: Não vejo problema no fato da comunidade afro ter um estilo de louvor com batuques e danças (comento isso no post sobre o Movimento Reteté). E acho positivo que a comunidade afro seja alcançada pelo evangelho dentro de sua cultura e estilo. A grande ressalva que estou fazendo aqui é que seria meninice confudir emoção com unção. Além disso, um culto jamais pode desprezar a pregação da Palavra, mas creio que isso esteja sendo observado no movimento reteté embora não apareça no vídeo abaixo.

Vejam um exemplo de reteté:


http://www.youtube.com/watch?v=cCvs7vQ40VI

6 comentários:

Anônimo disse...

Isto é pior que "meninice". Isto é puro sincretismo religioso. É a forma evangélica de candomblé!
Abraço,
Matias

Claudio disse...

Olha, confesso que quando leio sobre o êxtase de Eliseu (em que dois times e o próprio rei Saul foram inutilmente tentar buscá-lo - sendo contagiados e entrando no mesmo transe) penso que as vezes uma experiência mística pode ser bem bagunçada (Saul inclusive tirou parte da roupa e ficou estirado no chão durante um dia)!!!
Também tinha a verdadeira "unção da fumaça" - risos (em que o templo deixava a brigada anti-incêndio de Israel em polvorosa - risos - afinal, como diferenciar o kavod (glória) de Deus, no Templo, de um incêndio, né!? Pois é, a glória baixava incrivelmente em forma quase material, visível, mas intangível - Só em Cristo vê-se a glória de Deus em carne e osso - corpo material que, mesmo glorificado, continua material (Lc 24.42-43) e subiu aos céus).
E esse é o grande ponto: Com a nova e superior aliança, o que mudou?
- Primeiro, óbvio, Não temos mais templo de Jerusalém e Kavod desce em qualquer lugar - até no "vale do amanhecer" da palestina nos tempos de Jesus (vide Mt 17). Isto foi uma transição que continua assim:
- Recebemos o novo Parakleto (consolador/ajudador - O Espírito enviado pelo Pai e o Filho) em que temos nas palavras do próprio Cristo a descrição de seu principal ministério (João 14 e 16 = ensinar todas as coisas, fazer lembrar a palavra de Cristo, convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo, guiar à verdade, anunciar as coisas vindouras, glorificar o Filho...).
Inclusive, surge a pergunta: Portanto, o que é ser alguém "do Espírito" (Pneumaticós ou "pentecostal")? Por quais sinais se lhes distinguimos?
As palavras de Jesus em Jo 14 e 16 são diretamente vinculadas a ação eletrizante do Espírito, que nos guia para além do debate da "variedade de línguas" e abre novas perspetivas, novos conteúdos para continuar a conversa.
Aliás, só o Evangelho de Mc conservou uma palavra do Senhor sobre sinais, pouco antes de ascender aos Céus (45" do 2º tempo - risos). E não há consenso se Mc 16.17 refere-se especificamente a glossolália exatamente como conhecemos. Vamos ser "adultos", como pede o texto do Cleber: Acho pouco provável que em TODO culto SEMPRE haja manifestação do dom de variedade de línguas, até pela ausência da legítima interpretação, ou alguém fale em línguas estranhas (como sinal para os incrédulos). Aprovo e me abraço ao Cleber na sadia consideração de que haja duas coisas:
1) Manifestações puramente espontâneas, no tempo e espaço da graça de Deus, edificantes e lindas.
2) Liberdade para sua existência (pois tem cultos que enjaulam as consciências em estruturas de morte, diabolicamente minunciosas, "tudo santamente em nome da ordem") - Parêntesis: já prestaram atenção no sentido e significado de "culto racional" em Rm 12.1?
Por fim, penso que RETÉTÉ é a continuação de rituais há tempos vazios, há anos-luz da Palavra... E, historicamente, a perda de força dos primeiros arrepios precisa, sincreticamente, fundir-se a frio com algo que lhe "recarregue as baterias".
Mas não nos gavemos de ter cadeira de rodas nesta terra de alejados que é a Igreja Evangélica atual. Amemos essas "crianças" que brincam de gangorra, fazem manobras extravagantes no trapézio do misticismo, distraídas e satisfeitas nos parquinhos da religião com Retété e inúmeras outras unções bobocas, pois só por meio do amor, faremos alguma diferença e poderemos ajudá-los, ao invés de apenas lamentar a distância. Acautelemo-nos dos falsos profetas e preguemos o Evangelho, que é vida e paz... Amém.

Raidson Jenner Negreiros de Alencar disse...

Acho pouco sábio designar e nomear a Assembléia de Deus específicamente, pois já ví este tipo de movimento em outras denominações e também conheço Igrejas Assembléia de Deus que não adotam esta prática. Discordo também de que seja sincretismo. Acho que é o que normalmente chamamos de "meninice". Vamos evitar generalizar, sou Assembleiano e não concordo com esse movimento.

Cleber disse...

Raidson,
de forma alguma estamos generalizando. Meu artigo informa que esse movimento acontece dentro do pentecostalismo e da Assembléia, mas de forma alguma sugere que toda a AD seja assim.

Tenho enorme respeito e admiração por esse denominação.

Cleber.

Cleber disse...

Claúdio,
tbm acho que uma experiência com Deus pode ser bem bagunçada. O problema é quando se fabrica algo humano dizendo ser divino...

Bons comentários os seus.

Cleber.

Caio Mangueira da Silva disse...

Na descida do Espírito Santo os discípulos estavam agindo como pessoas bêbadas, na linguagem popular, estavam no retete, simples!