segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Arminianismo do Coração

Creio no arminianismo do coração: basicamente é o arminianismo clássico (proposto pelo próprio Armínio) com uma pitada mais firme do Wesley na questão da possibilidade de perda da salvação. Para entender melhor as correntes, leia abaixo.
Cleber.



Diferentes Correntes de Arminianismo
A exemplo do que ocorre com outras correntes teológicas, tais como o calvinismo, as crenças arminianas não são homogêneas. As idéias originalmente desenvolvidas por Armínio foram sistematizadas e desenvolvidas por inúmeros sucessores e profundamente alteradas por outros. Embora todos eles sejam considerados arminianos, divergem em alguns pontos cruciais. O teólogo reformado Allan Sell introduziu a distinção entre os "arminianos do coração" e os "arminianos da cabeça".

Arminianos do coração
São classificados como tal os teólogos que continuaram a trilhar os mesmos passos de Armínio, ou seja, sua teologia é perfeitamente compatível com as idéias por ele defendidas. Entre os inúmeros arminianos do coração, podem ser citados:

* Os Remonstrantes Originais: cerca de 45 ministros e teólogos dos países baixos que deram continuidade ao desenvolvimento da teologia de Armínio. Seu principal representante é Simon Episcopius (1583-1643). Outro nome importante é o do conhecido cientista político Hugo Grotius (1583-1645). Os últimos remonstrantes afastaram-se substancialmente das linhas traçadas por Armínio e deram origem ao "arminianismo da cabeça" (vide adiante).

* Século XVIII: o principal nome que desponta nessa época é o de John Wesley (1703-1791), que se declarava arminiano e defendeu o arminianismo da acusação de heterodoxia e de heresia. Embora a teologia de Wesley seja compatível com o arminianismo original, apresenta alguns acréscimos importantes, tais como o perfeccionismo wesleyano, com o qual nem todos os arminianos concordam, e algumas aparentes contradições, em razão da falta de rigor teológico utilizado em sua linguagem, muito mais de pregador do que de teólogo. Além de Wesley, merecem destaque John Fletcher (1729-1785) e Richard Watson (1781-1833).

* Século XIX: Thomas Summers (1812-1882), William Burton Pope (1822-1903), John Miley (1813-1895).

* Século XX: H. Orthon Wiley (1877-1961), Thomas Oden (embora não aceite ser chamado de arminiano, sua obra é totalmente compatível com o arminianismo clássico. Prefere o rótulo de "paleo-ortodoxo", já que apela para o consenso dos primeiros pais da Igreja). Dale Moody, Stanley Grenz, Howard Marshall.


(Obs.: Muitos teólogos assembleianos defendem os 5 pontos arminianos de forma contundente e profunda, contudo evitam usar o termo 'Arminianismo' para não entrar nas disputas teológicas históricas. Um bom exemplo disso pode ser encontrado na Teologia Sistemática Pentecostal editada pela CPAD, no capítulo que fala sobre Soteriologia).


Arminianos da Cabeça
São considerados "arminianos da cabeça" os que abandonaram alguns dos princípios basilares da teologia arminiana clássica, tal como a crença no pecado original e na depravação total. Aproximaram-se do semipelagianismo e até do pelagianismo, negando a salvação pela graça, pilar da reforma protestante. Posteriormente, a teologia de alguns sofreu fortes influências do iluminismo, recaindo em universalismo, arianismo e em vertentes da teologia moderna liberal.

A maior parte dos críticos do arminianismo cometem o equívoco de tomar a parte pelo todo, considerando que todos os arminianos são "da cabeça", sem discernir as profundas diferenças entre as várias correntes arminianas. Tal equívoco é semelhante ao de considerar que todos os calvinistas são hiper-calvinistas ou que todos sejam supralapsarianos. Talvez por isso, o arminianismo seja tão freqüentemente associado ao semipelagianismo.

Entre os conhecidos arminianos da cabeça, destacam-se:

* Remonstrantes: alguns dos últimos remonstrantes passaram a defender posições mais próximas do semipelagianismo do que do arminianismo, afastando-se do arminianismo clássico. O principal nome dessa época é Philipp Limborch (1633-1712). Muitos opositores do arminianismo, na realidade, baseiam suas críticas nas idéias de Limborch, como se fossem iguais às de Armínio.

* Século XVIII: John Taylor (1694-1761) e Charles Chauncy (1705-1787).

* Século XIX: o nome de maior destaque é o do avivalista Charles Finney (1792-1875), cuja teologia é fortemente pelagiana.

Um comentário:

Carlos Gomes disse...

Parabéns pelo Blog
Precisamos fazer um Encontro Nacional da Teologia Pentecostal Clássica, estamos vendo o empenho dos Calvinistas em seus encontros para Divulgar a sua Visão Soteriológica e não vejo Reação dos Pentecostais Clássicos em fazer Isso!!

Grande Abraço!! Carlos Gomes