sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pentecostais precisam de Reforma, não de calvinismo!

Pentecostais precisam de Reforma

Transcrevi abaixo um texto do pastor Hernandes Dias Lopes. É um artigo que soa equilibrado e aproximador, pois fala de unir reforma (doutrina) e avivamento (fervor).

Porém, não me escapa a impressão de que para o autor os reformados tem “A” doutrina e os pentecostais tem apenas o fervor. Falo isso não apenas pelo artigo, mas também porque essa visão preconceituosa é comum entre calvinistas!

É evidente que muitos pentecostais de hoje tem aderido a ventos de doutrina, advindos do neo-pentecostalismo (promessas de riquezas, amuletos, etc...). E é evidente que muitos pastores pentecostais se tornaram "mercadores da fé" explorando e enganado o povo.

Diante desse triste cenário, é inquestionável que os pentecostais contaminados precisam de uma reforma doutrinária, assim como os neo-pentecostais! Mas passar por uma reforma bíblica não é o mesmo que aderir ao calvinismo.

Quando o Rei Josias trouxe uma reforma à nação judaica, ele não implantou o calvinismo (pois esse nem existia). O que Josias fez foi afastar as doutrinas e práticas espúrias, voltando para a Bíblia.

2Reis:23:24: E também os adivinhos, os feiticeiros, os terafins, os ídolos, e todas as abominações que se viam na terra de Judá e em Jerusalém, os extirpou Josias, para confirmar as palavras da lei, que estavam escritas no livro que o sacerdote Hilquias achara na casa do SENHOR.

É disso que os pentecostais contaminados precisam – um retorno à Bíblia. Retornar significa voltar a algo que os pentecostais já tinham: a teologia pentecostal clássica.

Os pentecostais precisam de uma Reforma Bíblica, não de calvinismo.

Há muitas igrejas arminianas que se mantém fiéis à Bíblia, sem se levar por ventos de doutrina e sem comercializar a fé: luteranos renovados, batistas, metodistas e muitas igrejas pentecostais (com pastores íntegros e honrados).

Esses grupos arminianos juntamente com os grupos calvinistas fervorosos formam uma espécie de RESISTÊNCIA CRISTÃ, um oásis de ortodoxia bíblica e vida cristã, o remascente fiel.


Pr Cleber.


A igreja que eu preciso ser

Por Hernandes Dias Lopes

Eu ainda anseio ver uma igreja ortodoxa e piedosa. Uma igreja que tenha palavra e poder, uma igreja que tenha doutrina e vida. Eu ainda anseio ver aqueles que conhecem a verdade sendo transformados por ela a ponto de se tornarem pessoas humildes e não arrogantes.

Eu ainda anseio ver uma igreja cujas obras provem a sua fé e cuja fé honre ao seu Senhor. Eu ainda anseio ver uma igreja que pregue com fidelidade, ensine com autoridade e cante louvores a Deus com fervor. Eu anseio ver uma igreja onde Jesus tenha supremacia e as pessoas sejam verdadeiramente amadas. Eu creio que meus olhos verão ainda essa realidade.

A fé vê o invisível. Ela caminha no meio da escuridão das circunstâncias, guiada pela luz da verdade. Os olhos da fé não estão postos na improbabilidade da situação circundante, mas nas promessas fiéis daquele que não pode falhar. Mesmo que os horizontes sejam pardacentos, mesmo que as circunstâncias sejam desfavoráveis, mesmo que a oposição seja sem trégua, eu ainda anseio ver uma igreja onde a doutrina dará as mãos ao fervor, onde a ortodoxia se vestirá com a túnica da santidade, onde a reforma desembocará no reavivamento.

Estou cansado de ver o povo de Deus bandeando ora para um extremo ora para outro.
Aqueles que são mais zelosos da doutrina, não raro são os mais apáticos no fervor. Aqueles que mais conhecem menos fazem. Aqueles que têm mais luz muitas vezes são os que têm menos calor. Aqueles que estadeiam sua cultura são os que menos refletem a doçura do Salvador. Ah! Eu ainda anseio ver uma igreja firmada na doutrina dos apóstolos, que ora e cante com entusiasmo. Uma igreja que tenha temor de Deus e alegria do Espírito. Uma igreja que tenha profunda comunhão interna e grande simpatia dos de fora.

Vejo com tristeza
aqueles que tolamente abandonam a doutrina para buscar experiências arrebatadoras. Onde falta a semente da Palavra, não se vê o fruto da verdadeira piedade. Não é a experiência que conduz à verdade, mas esta deságua naquela. A vida decorre da doutrina e não esta daquela. Precisamos de uma igreja que seja ortodoxa sem deixar de ser ortoprática. Os que se desviaram da Palavra em busca de experiências, precisam de uma nova reforma e os que se desviaram da piedade e ainda conservam sua ortodoxia precisam de reavivamento. Eu ainda anseio ver uma igreja doutrinariamente fiel, mas que seja ao mesmo tempo amável e acolhedora aos que se aproximam. Uma igreja que ensine doutrina com zelo, mas que adore a Deus com fervor. Uma igreja que prega a verdade, mas vive em amor. Uma igreja onde a proclamação não está na contramão da comunhão.

Eu ainda anseio ver uma igreja que seja fonte para os sedentos, oásis para os cansados, refúgio para os aflitos, lugar de vida para os que cambaleiam na região da sombra da morte. Eu anseio ver uma igreja que viva para a glória de Deus, que honre o seu Salvador, que seja cheia do Espírito Santo, que adore a Deus com entusiasmo, que pregue sua Palavra com fidelidade e acolha as pessoas com efusiva alegria e redobrado amor. Que o meu e o seu anseio se tornem motivo das nossas orações até que vejamos cair sobre nós essa bendita chuva da restauração espiritual.

13 comentários:

Franciney disse...

Cleber muito bom o artigo e esclarecedor, e ao mesmo tempo atual, realmente penso que os pentecostais precisam de uma reforma ao genuino evangelho, já os neo-pentecostais não há necessidade de falar , como diz o adágio popular "PARA UM BOM ENTENDEDOR UMA PALAVRA BASTA”.
O calvinismo te incomoda?

Cleber disse...

Franciney,
obrigado pela visita mano!

Olha só: minha opinião é que o calvinismo pode roubar o que ainda resta de bom no pentecostalismo... roubar o fervor, roubar o zelo com a oração e com o evangelismo...

Afinal, pra que orar e evangelizar, se Deus já determinou tudo?

Na minha opinião aderir ao calvinismo é tomar o remédio errado.

Ao dizer isso não estou falando que todos os calvinistas são frios e relaxados no evangelismo. Conheço calvinistas fervorosos!

Mas tbm conheço muitos calvinistas que amam estudar e discutir teologia, mas não são pessoas de oração e nem evangelizam. São apenas teóricos, encantados com a erudição calvinista.

E no caso dos leigos em geral me parece que, se forem levados a sério, os 5 pontos do calvinismo levam as pessoas a se acomodarem.

As igrejas calvinistas que conheço aqui na minha cidade não são igrejas evangelizadoras. Estão há anos no mesmo tamanho. Não crescem.
Não falo de crescimento explosivo, mas é de esperar que haja conversões. No entanto o povo não se sente chamado a evangelizar.
Os membros leigos não são motivados a evangelizar. Isso pra mim é reflexo do pensamento da liderança.

Cleison Brugger disse...

Amado irmão Cleber, concordo plenamente com o que disseste acima, e digo que penso de forma congruente.
Parafraseando este post, vale lembrar o que disse um amigo reformado: "Triste tempo em que os reformados precisam de renovo, e os renovados precisam de reforma."

Paz e bem, amado irmão.

Cleber disse...

Cleison,
tens razão, o próprio pastor Hernandez Dias Lopes concorda que os calvinistas (em geral) não são fervorosos (embora ele não comente que o problema está na falta de oração).

Franciney disse...

Cleber há extremismos e comodismos de ambos os lados, porem os calvinistas e arminianos que convivo são piedosos, de oração e evangelizadores, não estou falando que você seja extremista, mas que deva ter uma eruidição mais centrada nas Escrituras Sagradas entre os pentecostais isso precisa sim, que há calvinistas frios pela sua erudição isto também tem, e arminianos iguais tambem.

Porém uma coisa eu temo e não é o calvinismo com sua erudição encantadora, como você disse, e sim com a influência que o neopentecostalismo vem causando dentro de igrejas e pastores pentecostais, o pentecostal causou pouca influência no neopentecostalismo que é seu filho, não foi falta de centralidade bíblica ou reforma? Penso que sim.

Cordialmente em Cristo,

Franciney.

Cleber disse...

Franciney,
claro que há pentecostais frios.
Mas aqui falamos coletivamente.
Em geral pentecostais são fervorosos. E em geral calvinistas são frios. Tanto é que o pastor Hernandez admitiu isso.

E concordo com vc - pentecostais influenciaram pouco os neopentecostais.

O motivo disso ter acontecido é que apesar de haver uma ótima teologia (pentecostal), não conseguiram fazer o ensino chegar a todos de forma adequada.

Durante décadas a Assembléia teve pastores sem a menor instrução bíblica - no meu entender isso aconteceu pelo fato do crescimento e a demanda de obreiros ser maior que a capacidade de prepará-los. Por isso enviavam pastores mesmo sem preparo bíblico. Tais pastores tinham os dons espirituais, eram homens de Deus, mas faltava conhecimento da Palavra.

Foi por falta de conhecimento dos líderes que muitas igrejas perderam a centralidade na Palavra. Conheci pastores que inclusive criticavam o estudo teológico como sendo algo ruim.

Demorou pra esse cenário mudar. Hoje muitas igrejas pentecostais só aceitam pastor com um mínimo de teologia. Mas nem sempre foi assim.

Creio que esse foi o motivo pq os pentecostais influenciaram pouco os neopentecostais. Não foi falta de uma boa teologia, mas sim a dificuldade em fazer essa teologia se disseminar adequadamente.

O desafio no meio pentecostal é incutir no povo um preparo bíblico melhor depois de tantos anos com pastores "despreparados" biblicamente. Isso abriu margem para os ventos de doutrina. Por isso muitos pentecostais hoje precisam de reforma.

Mas não todos - aquelas igrejas pentecostais que primaram pelo estudo bíblico não enveredaram por esses ventos de doutrinas.

um abraço mano!

Pr Cleber

Unknown disse...

Calvinismo não mais é do que organizar, sistematizar, chamar a atenção para AS ANTIGAS DOUTRINAS DA GRAÇA, ou seja o calvinismo nada mais afirma os pontos principais para firmeza da nossa fé cristã, baseados nos princípios doutrinários e verdadeiros, contidos na bíblia.
Pb. Francisco Lopes.

Cleber disse...

Francisco,
eu creio nas Doutrinas da Graça.

A saber a Graça Livre, e não a Graça Decretada.

http://confraria-pentecostal.blogspot.com.br/2015/01/comparativo-calvinismo-arminianismo.html

Anônimo disse...

Parabéns!!! Concordo!

jamille disse...

Muito bom

jamille disse...

Otimo

José Rubens Medeiros disse...

NINGUÉM precisa de calvinismo! Ao contrário! O próprio rótulo já de si representa algo como um exercício idolátrico ao moço que militou em Genebra. O mundo precisa, SIM, de seriedade no uso e no trato com a Bíblia. A propósito, essa história de "REFORMADOS" não passa de uma invenção por parte de pessoas que, em vez de se debruçarem e de se curvarem à Palavra de Deus, portam-se e comportam-se como se o tal João Calvino (Jean Cauvin) houvesse "descoberto" a Bíblia e feito uma triste "adaptação"(sic) dela.

Unknown disse...

CalvinoLutero e outros prereformadoes, foi o homem que antes de eu e de você, percebeu a necessidade de fazermos uma REFORMA PROTESTANTE mediante as heresias e desvios doutrinários que permeiam nossas igrejas.